Fui escalar para Yosemite
É a terceira vez que faço as 4h de viagem que separam San Francisco de Yosemite e "à terceira foi de vez". Finalmente escalei em Yosemite. Da primeira vez fui fazer uma bela caminhada e da segunda apenas passear.
Aquele "nariz" de rocha que vêem ao lado esquerdo é o famoso El Capitan - The Nose. É o maior monolito do mundo, tem cerca de 1km da base ao topo. Ao fundo podem ver o Half Dome.
No geral, as vias em todo o vale têm centenas de metros e a escalada clássica é a regra. Primeiro porque é complicado equipar com plaquetes uma extensão tão grande (e vocês nem imaginam o quão complicado pode ser, mas já explico) e segundo porque essas vias são à base de fissuras. E o que é que uma fissura pede? Entalecos, pois está claro.
Existem, no entanto, algumas vias de desportiva, com espaçamentos gigantes entre plaquetes. Também é difícil encontrar plaquetes a menos de 5 metros do chão, chegando mesmo a ter escalado uma via "totalmente equipada" em desportiva, em que a primeira plaquete estava a 15 metros (era um IV grau, diziam eles... mas em aderência!).
A rocha é granito de muito boa qualidade e a progressão faz-se através de técnicas de escalada de fissuras: entalamentos de punho, pulso, mãos ou dedos. Os entalamentos de dedos são os meus preferidos. Basta colocar a mão à medida na fissura e depois rodar, até ficarmos com os dedos uns por cima dos outros, entalando os "nós" dos dedos. As chaminés também são comuns.
Tive a oportunidade de escalar algumas vias de clássica em top-rope. Uns supostos IV e V graus nos quais caí algumas vezes. Um europeu a escalar fissuras é como o Jorge a falar inglês: é muito complicado mas lá se consegue...
Fiquei-me então, como disse, pelas vias desportivas onde não abundavam nem fissuras nem plaquetes. Em conversa com os locais descobri a ética da equipagem em Yosemite. Primeiro pensei que fossem restrições do Parque Nacional de Yosemite, pois tentam preservar ao máximo o eco-sistema do parque. É permitido fazer fogueiras, mas é expressamente proibido apanhar lenha do chão (e acreditem que há imensos ramos e árvores caídas, pois ninguém lhes pode tocar) sendo obrigatório comprar lenha do exterior no mercado do parque.
A ética da equipagem de vias em Yosemite obriga a equipar de baixo para cima. Não se pode montar um rappel e ir furando na descida. É necessário escalar usando técnicas de escalada clássica ou artificial e ir furando pelo caminho. E não vale a pena ser português "desenrascado" como eu sugeri: escalar até ao top e depois furar as plaquetes intermédias... Nada disso.
Agora já perceberam porque é que as plaquetes estão tão espaçadas... mas se não perceberam, eu dou-vos mais uma razão que vos vai fazer mudar de ideias: não há berbequim para ninguém! Tem de ser tudo furado à mão (buril, martelos, etc).
A primeira visão do Vale |
Aquele "nariz" de rocha que vêem ao lado esquerdo é o famoso El Capitan - The Nose. É o maior monolito do mundo, tem cerca de 1km da base ao topo. Ao fundo podem ver o Half Dome.
No geral, as vias em todo o vale têm centenas de metros e a escalada clássica é a regra. Primeiro porque é complicado equipar com plaquetes uma extensão tão grande (e vocês nem imaginam o quão complicado pode ser, mas já explico) e segundo porque essas vias são à base de fissuras. E o que é que uma fissura pede? Entalecos, pois está claro.
Grande spot para umas fotos! |
Existem, no entanto, algumas vias de desportiva, com espaçamentos gigantes entre plaquetes. Também é difícil encontrar plaquetes a menos de 5 metros do chão, chegando mesmo a ter escalado uma via "totalmente equipada" em desportiva, em que a primeira plaquete estava a 15 metros (era um IV grau, diziam eles... mas em aderência!).
A rocha é granito de muito boa qualidade e a progressão faz-se através de técnicas de escalada de fissuras: entalamentos de punho, pulso, mãos ou dedos. Os entalamentos de dedos são os meus preferidos. Basta colocar a mão à medida na fissura e depois rodar, até ficarmos com os dedos uns por cima dos outros, entalando os "nós" dos dedos. As chaminés também são comuns.
Mais uma topalhada... |
Tive a oportunidade de escalar algumas vias de clássica em top-rope. Uns supostos IV e V graus nos quais caí algumas vezes. Um europeu a escalar fissuras é como o Jorge a falar inglês: é muito complicado mas lá se consegue...
Fiquei-me então, como disse, pelas vias desportivas onde não abundavam nem fissuras nem plaquetes. Em conversa com os locais descobri a ética da equipagem em Yosemite. Primeiro pensei que fossem restrições do Parque Nacional de Yosemite, pois tentam preservar ao máximo o eco-sistema do parque. É permitido fazer fogueiras, mas é expressamente proibido apanhar lenha do chão (e acreditem que há imensos ramos e árvores caídas, pois ninguém lhes pode tocar) sendo obrigatório comprar lenha do exterior no mercado do parque.
A bela da fogueira em pleno parque nacional |
A ética da equipagem de vias em Yosemite obriga a equipar de baixo para cima. Não se pode montar um rappel e ir furando na descida. É necessário escalar usando técnicas de escalada clássica ou artificial e ir furando pelo caminho. E não vale a pena ser português "desenrascado" como eu sugeri: escalar até ao top e depois furar as plaquetes intermédias... Nada disso.
Agora já perceberam porque é que as plaquetes estão tão espaçadas... mas se não perceberam, eu dou-vos mais uma razão que vos vai fazer mudar de ideias: não há berbequim para ninguém! Tem de ser tudo furado à mão (buril, martelos, etc).
As poucas fotos que tirei estão aqui.
Um abraço para todos,
Pedro Queirós
http://californing.blogspot.com
Um abraço para todos,
Pedro Queirós
http://californing.blogspot.com
3 comments:
A paisagem é incrível. Mas ia morrer de medo (para variar) dessas vias equipadas “à campeão”.
Não encontraste nenhum primo do Yogi the bear?
ai que inveja..... :)
Cat:
Não encontrei mas, segundo dizem, não é difícil. É necessário guardar toda a comida e produtos de higiene em cacifos à prova de "Yogi" e nao deixar nada nos carros, pois as portas dobradas por ursos abundam por estas bandas... (cerca de 100 por ano).
Post a Comment